Monday, January 31, 2011

Iron Maiden: Álbuns em edições especiais em LP


Com a popularização do CD no começo da década de 90, o LP começou a sofrer um processo de perda de espaço. Porém, durante algum tempo, os dois tipos de mídias ainda eram vendidos paralelamente, sendo o CD vendido por cerca do dobro do preço do LP, e a diferença de valor entre eles dava uma noção do status que cada uma tinha à época. Afinal, o CD era novidade e vinha com a promessa de melhor qualidade de som. Aqui no Brasil, depois de algum tempo, a produção de LPs foi totalmente abandonada, fazendo com que muita gente focasse o interesse apenas nos CDs.

Mundialmente, o vinil também perdeu espaço, porém, essa diferença não fez com que ele deixasse de ser produzido em alguns países. Algumas bandas internacionais nunca deixaram de lançar seus álbuns em vinil, porém, para chamar a atenção, esses lançamentos tiveram que apresentar algum diferencial.


A Matter of Life And Death

O Iron Maiden, assim como muitas bandas, lançou vários discos de vinil durante os anos 80 com algum tipo de apelo junto aos colecionadores e curiosos, como os picture discs e os shaped discs em seus singles e EPs. Alguns álbuns também foram lançados em vinil colorido e até mesmo alguns em picture, porém essa não era a regra. Os últimos discos “comuns” da banda lançados foram Fear of the Dark (1992), A Real Live One (1993) e A Real Dead One (1993).


Rock in Rio - Edição com bandeira do Brasil estilizada

Na época do lançamento de The X-Factor (1995), primeiro álbum de estúdio sem Bruce Dickinson nos vocais, o CD já tinha tomado conta do mercado. Porém, o álbum também foi lançado em LP, mas aqui se dá o início de uma prática que mudaria o modo dos lançamentos de álbuns em vinil da banda. O álbum é duplo e transparente (ver foto principal da matéria). Nada muito diferente, afinal a banda já tinha lançado alguns vinis transparentes. A diferença é que, nesse caso, não houve o lançamento “normal”, ou seja, essa foi a única versão. O segundo álbum com o Blaze Bayleu nos vocais – Virtual XI (1998) – foi a única exceção para esse novo tipo de lançamento (dizem que é necessário uma exceção para confirmar uma regra).


Virtual XI - O mais fraco até entre os lançamentos especiais

A partir daí, todos os álbuns, tanto os de estúdio quanto os ao vivo e coletâneas, foram lançados também em vinil com edições especiais. Todos esses itens tiveram muito capricho para o seu lançamento. Os LPs são lindos e os encartes são muito bem feitos e aí entra o ponto que eu gostaria de discutir. Será mesmo que quem compra esses itens são aquelas pessoas que querem apenas o vinil? O Iron Maiden sempre foi ótimo na questão comercial, então eu vejo que esse tipo de lançamento é feito essencialmente para os colecionadores, para aqueles caras que não tem só o LP, mas tem também o CD e, possivelmente, em mais de uma versão. Claro que vez ou outra o cara põe o bolachão para tocar, mas duvido que essas pessoas utilizem mais os LPs do que os CDs. Claro que existem os mais aficcionados por LPs, mas mesmo entre os colecionadores a parcela é pequena.



Edward the Great (acima) e Death on The Road - Mesmo
 as coletâneas e os discos ao vivos mereceram uma edição especial

Outro detalhe que tem que ser levado em consideração é o fato de os vinis comportarem apenas cerca de 45 minutos de música. Já os CDs podem armazenar cerca de 74 minutos. Isso quer dizer que uma banda pode gravar quase 30 minutos a mais para os lançamentos de seus CDs. O Iron Maiden, nos útlimos discos, está tendo o costume de utilizar praticamente o tempo todo disponível no CDs e isso exige que todos os LPs lançados sejam duplos, o que não era normal nos lançamentos das bandas nas décadas de 70 e 80. Muitas pessoas dizem que a música atual tem uma qualidade menor, já que os discos se tornaram mais longos e, assim, muita coisa gravada pelas bandas é para ocupar espaço, não havendo a escolha só das partes mais interessantes na hora de composição e finalização das músicas. Mas isso é assunto para outra hora...

Friday, January 21, 2011

Bon Jovi x Skid Row: Amizade, confusão e alta qualidade musical


Em 1982 um rapaz estava batalhando para conseguir ser alguém no mundo da música. Ele conseguiu um emprego no estúdio de gravação que era de propriedade de um primo – na verdade esse primo era apenas um dos sócios do estúdio. O nome do local era Power Stations Studios, que ficava na cidade de Nova York. Trabalhando e tendo a oportunidade de vivenciar o dia a dia de um estúdio ele conseguiu gravar algumas demos, tendo a ajuda de músicos do próprio estúdio, e entregar uma delas para John Lassman que então trabalhava na estação de rádio chamada WAPP 103.5 FM.

Essa história é conhecida por muitos amantes da música, e todos que a conhecem sabe de quem estou falando: Jon Bon Jovi, ou John Bongiovi, seu nome verdadeiro. O que muita gente não sabe é que após o sucesso da canção, a saber "Runaway", Jon iniciou uma procura por membros para uma futura banda, afinal como dito acima os músicos que a gravaram inicialmente eram apenas de estúdio. O guitarrista que inicialmente acompanhou a banda foi Dave Sabo, um antigo amigo de infância de Jon. Pouco tempo depois Sabo foi substituído por Richie Sambora, que já tinha falhado em uma audição para ser guitarrista do Kiss. A saída de Dave "Snake" Sabo foi totalmente amigável inclusive ambos entraram em acordo que se um dia um deles fizesse sucesso ajudaria o outro em futuros projetos.


Jon Bon Jovi no início de carreira
Uma curiosidade em relação a essa época, principalmente para quem é ligado em rock progressivo: o primeiro executivo que notou a banda recém formada foi Derek Shulman, ex-integrante da monstruosa banda Gentle Giant, que já estava extinta na época. Essas músicas chegaram a ser lançadas, a contragosto de Jon, em um CD chamado The Power Station Years.

Capa do CD The Power Station Years
O baixista que gravou “Runaway”, single que foi veiculado nas rádios nova-iorquinas e que deu a chance de sucesso para o cantor, foi Hugh McDonald, o mesmo que mais tarde substituiu Alec Jonh Such, quando este saiu da banda por problemas até hoje debatidos entre os fãs, após o lançamento da coletânea Cross Road. Porém, apesar de sempre creditado nos discos que gravou com a banda, Hugh nunca foi considerado um componente oficial.

Muitos se perguntam por que chamar uma banda com o nome de um dos integrantes, já que a mesma não era um projeto solo. O nome Bon Jovi foi sugerido por uma empregada de Doc McGhee, empresário do grupo, que se baseou numa então famosa banda de dois nomes próprios, o Van Halen.

O Skid Row foi formado alguns anos depois por Dave Sabo e o baixista Rachel Bolan. O nome da banda foi adquirido comercialmente de outro conjunto numa ação inédita até os dias de hoje. O Skid Row original era irlandês e gravou dois álbuns no início da década de 70 e é famoso entre os fãs de Hard Rock setentista pricipalmente por ter tido como integrante o guitarrista Gary Moore, que anos depois integrou o Thin Lizzy. O valor do negócio do nome da banda foi de 35 mil dólares.

Skid Row em sua formação inicial
Quando Sebastian Bach entrou para o Skid Row, o material do primeiro disco estava quase que completamente pronto. Mesmo assim um dia depois de entrar na banda ele tatuou "Youth Gone Wild" em seu braço direito. Isso acaba confundindo muita gente achando que ele teria participado das composições.

O Skid Row assinou com a Atlantic Records e isso se deveu a uma enorme influência que Jon Bon Jovi e seu empresário tinham na gravadora. Eles gravaram o primeiro disco em janeiro de 1989 e logo sairam em turnê com o próprio Bon Jovi na New Jersey World Tour. Ninguem pode negar que isso ajudou a banda a vender boa parte dos milhões de cópias que esse disco vendeu.

Richie Sambora com o Skid Row
Muitos dizem que Jon Bon Jovi deu também uma mãozinha na composição do material do primeiro disco, inclusive uma declaração sua em uma revista dizia: "Por cerca de um ano e meio nós (Jon e Richie) escrevemos músicas com eles, reescrevemos algumas coisas, pagamos por estúdio, por aluguel de carros e tudo o mais que eles precisaram...".

Talvez por tudo isso o Skid Row acabou assinando um contrato com Jon Bon Jovi e Richie Sambora. Esse contrato dava os direitos de publicidades do Skid Row para a dupla. Claro que isso foi uma resposta por todos os favores recebidos. Esses fatos foram revelados depois de uma briga de Sebastian Bach com os outros componentes que acabou com uma rápida saída da banda. Com os nervos inflados ele teria dito para a imprensa sobre esse contrato. Incluse durante esse período fora da banda ele ofereceu seus serviços ao Guns n' Roses que também estavam com problemas com o seu vocalista na época. Isso aconteceu por volta do segundo semestre de 1990.

Em uma entrevista Jon disse que teve que dar um "tapinhas na bunda" de Sebastian quando esse começou a se achar a maior estrela do mundo. Após ficar sabendo dessa declaração Sebastian ligou para a revista e contou diversas coisas. Inclusive que Jon ia conversar com ele apenas quando estava acompanhado de seus irmãos e seus seguranças. E disse também "eu queria que ele conversasse comigo sozinho, afinal se houvesse uma briga quem ganharia, um peso leve fã de Bruce Springsteen ou um peso pesado maníaco por Metallica?".

Jon Bon Jovi e Sebastian Bach ao vivo
O fato é que por mais sucesso que o Skid Row estivesse tendo parecia que eles estavam sempre devendo para o Jon e Richie. Sebastian falou sobre isso também "eles têm 70 milhões na conta e ficam desesperados em pegar 2 milhões extra da gente". O resultado de tudo isso foi que o contrato foi cancelado. Talvez até pela amizade entre Jon e Dave Sabo. Inclusive dizem que Richie devolveu a porcentagem que ele tinha direito para o Skid Row. Sobre a parte que Jon recebeu ninguem sabe...

Essa é uma história de conexão entre duas bandas que teve de tudo: ajuda mútua devido à amizade, briga por dinheiro e por egos e, acima de tudo, muito sucesso musical devido à qualidade das bandas. Creio que não podemos rotular a dupla principal do Bon Jovi de mercenários, afinal tudo isso pode ser culpa dos seus assessores, nada fica claro, mas também não podemos crer que os caras do Skid Row foram inocentes e cairam num golpe, eles sabiam o que estavam fazendo. Ainda existem muitos detalhes entre tudo isso que está sendo contado, porém por falta de espaço não puderam ser incluídas. Quem quiser mais informações pode obter pelo livro “All Night Long...The True Story of Bon Jovi”.

Peço desculpas por algumas fotos, mas foi difícil achar fotos da época com uma boa imagem. Tive que tirar do livro citado.

Tuesday, January 11, 2011

Baladas: Sucesso e Rejeição


Essa primeira década do século 21 foi a época de um grande número de “revivals” de bandas e estilos musicais, principalmente dos anos 80. Existe uma tendência cultural de se chamar os anos 80 como a “década perdida”. Porém, no âmbito musical, acho que a década perdida foi a dos anos 90. Claro que muitas bandas legais surgiram e até mesmo o grunge será lembrado futuramente como um dos movimentos musicais mais importantes da história, mas mesmo assim não dá para comparar a produção musical da década de 90 com a das duas anteriores.


Poison em 2008

Mötley Crüe em 2009

Um dos “revivals” que mais chamaram a atenção foi o das bandas de Hard Rock, mas especificamente as oriundas da Califórnia – como outras que não são de lá, mas possuem as mesmas características em seu som. Esses grupos foram também denominados como Glam Metal, com claras referências ao Glam Rock dos anos 70 devido ao visual extravagante, andrógino e até mesmo afeminado de alguns de seus componentes. Em algumas publicações também foi denominado Hair Metal, por motivos óbvios, basta dar uma olhada nas fotos da época. Porém, percebemos esse fenômeno não apenas relacionando à volta às atividades de bandas oitentistas, mas também ao surgimento de outros grupos bebendo diretamente da fonte dessas pioneiras, como é o caso das bandas de hard rock escandinavas (Crashdiet, Reckless Love e Crazy Lixx).

Quando comecei a ouvir música, além do Iron Maiden outra banda foi responsável por eu escutar rock até hoje; o Guns and Roses. Depois do GNR veio o Skid Row, o Bon Jovi, o Mötley Crüe, o Poison, etc, para ficar apenas nessa linha. Uma das características dessas bandas é que quase todas tocavam direto nas rádios, o que poderia ser bom para a imagem delas e para a captação de novos fãs para o rock and roll. Entretanto, isso acabou não acontecendo devido à escolha das músicas que eram divulgadas. Para ser mais específico, vamos lembrar aqui alguns hits dessas bandas que tocavam nas rádios no fim dos anos 80 e início dos anos 90 (clique no nome das músicas se quiser ouvi-las).

Guns and Roses: “Patience” e “Don’t Cry”
Skid Row: “I Remember You” e “Wasted Time”
Poison: “Every Rose Has Its Thorn” e “Something to Believe In”
Mötley Crüe: “Home Sweet Home”
Extreme: “Song For Love” e “More Than Words”
Warrant: “Let it Rain”
Isso sem esquecer o Bon Jovi…


Capa do Single Patience do Guns And Roses


Capa do Single Wasted Time do Skid Row


Capa do Single More Than Words do Extreme

Poderia acrescentar muitas outras a essa lista, mas acho que esse número já está suficiente para o objetivo do post. Qual é a semelhança entre todas essas músicas? Todas elas possuem os requisitos necessários para serem chamadas de baladas. As baladas resumidamente são músicas lentas, ou de andamento lento, que possuem elementos líricos sentimentais, não necessariamente amorosos.

Warrant

Por serem de fácil assimilação, até mesmo com apelo pop, muitas dessas canções caíram no gosto de todo mundo, inclusive das irmãs, primas, amigas, vizinhas e até das mães de muitos headbangers. Esses caras tinham tudo para gostar dessas bandas, mas devido à uma característica intrínseca a muitos headbangers, todas as bandas citadas, incluindo as outras similares, foram execradas. Essa característica citada é a inexplicável aversão que muitos fãs de música mais pesada têm quando uma banda faz sucesso. Todo mundo conhece alguém que fala algo do tipo “essa banda é boa, mas virou moda e ficou ruim”, ou “eu não gosto disso porque até toca na rádio”. Esse tipo de sentimento que muitos headbangers têm é incompreensível, já que todos reclamam que os diversos estilos de música pesada não têm espaço na mídia, mas quando conseguem é porque a banda ficou pop e se vendeu... Vai entender...

Stryper - Hair Metal Cristão

O que também ajudou a atrapalhar o sucesso dessas bandas foi o surgimento do grunge, que pregava uma visão mais pessimista do mundo, que era bem diferente das músicas sobre mulheres, bebidas e diversão que tinham as músicas do Mötley Crüe, para citar um exemplo. O visual das bandas somente não seria suficiente para evitar que as pessoas gostassem delas. Basta lembrarmos que as roupas coladas, por exemplo, eram usadas por muita banda que todo mundo chama de “true” por aí. Ou alguém esqueceu das roupas do Iron Maiden na World Slavery Tour? Ou dos cabelos do Ozzy? Nessa época também foi cunhado o termo “rock farofa” que por ter um tom pejorativo também ajudou a afastar alguns fãs.

Mas o que essa gente perdeu foi as centenas de ótimas músicas que essas bandas produziram e ainda produzem. O curioso é que a gente vê muita gente que criticou o estilo durante anos se interessando por esse “revival”. Claro que com o tempo e a maturidade adquirida os preconceitos vão caindo por terra. Mas eu gosto muito de zoar alguns amigos quando reconhecem que o Skid Row tem muita música porrada, que são excelentes, e não só baladinhas “mela-cuecas”.

Para finalizar é necessário que se diga o óbvio, mas a fim de esclarecimentos é válido. É claro que não é só as bandas americanas de Hard Rock dos anos 80 que fazem ou fizeram baladas. Muito pelo contrário. Poderia citar milhares de músicas de sucesso com esse tipo de formato em outros estilos musicais. E dentro do rock temos bandas que são especialistas nessa seara como Scorpions, Whitesnake, Kiss, etc... Outra banda especialista nesse tipo de música é o Aerosmith, mas a impressão que eu tenho é que eles se aproveitaram do sucesso de algumas músicas assim para se dedicarem a fazer só isso, o que acabou enjoando um pouco. Até o Iron Maiden apareceu com a “Wasting Love”.

O principal é não ter preconceitos ou criar paradigmas sobre muitas bandas antes mesmo de escutá-las. É possível que muita gente continue não gostando das outras músicas dessas bandas depois de dar uma chance à elas, mas pelo menos essas pessoas poderão dizer o por quê de não gostarem ao invés de ficar repetindo “mantras” por aí...