Quando o pessoal do site Metal RO me informou que estava organizando um show-tributo ao Iron Maiden em parceria com a escola de música Sol Maior, fiquei imaginando se o evento daria certo. Falo isso porque, nos finais de semana quando eventos de heavy metal acontecem aqui em Porto Velho (Rondônia), a presença do público é meio escassa; aliás, como acontece em diversos lugares do Brasil. Porém, nesse caso o que aconteceu foi totalmente o contrário.
Hugo Borges, colaborador do Metal RO e vocalista do projeto, solicitou-me um artigo a respeito das canções que seriam executadas no dia. O texto deveria conter informações sobre as músicas, os álbuns, curiosidades da época e qualquer outro tipo de dado interessante. O conteúdo desse artigo seria utilizado em um folder e também comentado durante os intervalos das músicas. Esse foi o diferencial entre o evento e um show qualquer de uma banda cover: o caráter informativo e de divulgação. Por mais que o Iron Maiden hoje em dia não careça mais de tanta divulgação, muita gente não conhece diversos aspectos da história da banda, emprestando grande validade ao espetáculo.
Muitos conhecem as músicas, apreciam e admiram a banda, mas desconhecem vários assuntos relacionados, mesmo informações mais simples, como de qual disco são determinadas faixas. Muito disso se deve ao modo com o qual as pessoas têm acesso à música hoje em dia. Quando alguém faz o download de um disco, muitas vezes não conhece nem a capa do mesmo. Também existem aqueles que inserem as músicas em uma lista de reprodução enorme, colocam no modo shuflle e ficam escutando. Desse modo, a pessoa acaba conhecendo todas as faixas, mas não a unidade de um álbum. Não consegue identificar a diferença entres as fases e a evolução do grupo ao longo dos anos. Acredito que o evento tenha sido importante não apenas para passar informações, mas também para tentar incentivar esses fãs a se aprofundarem na história que envolve não só o Iron Maiden, mas as bandas em geral.
Como o tributo era para a Donzela de Ferro, perguntei para Hugo se seria adequada uma exposição com material da banda. Tanto ele quanto os outros organizadores gostaram da idéia, então me prontifiquei a fazê-lo. Como colecionador, gosto de conhecer o acervo de outras pessoas, de obter detalhes que normalmente não conseguiria sozinho, conversar sobre os discos e suas particularidades e, principalmente, falar de música. Algumas pessoas enxergam essa intenção de mostrar uma coleção como algo exibicionista, mas quem coleciona e se identifica com tudo aquilo que citei logo acima entende o real motivo disso.
Apesar da falta de espaço e tempo para organizar tudo, acredito que a intenção de tentar incentivar as pessoas a olhar o disco físico como um objeto que vale a pena deu certo. Quando falo “disco” estou me referindo a qualquer mídia que um artista utilize, como CD, LP, compacto, DVD, revistas e memorabília em geral. Não foram poucas as perguntas que respondi a respeito de diversos itens e de como adquirí-los, mas o que mais me chamou a atenção é o fato de que poucas pessoas dessa nova geração tiveram acesso ao LP. Com diversos itens mais interessantes, foi surpreendente a quantidade de pessoas que queriam ver os antigos bolachões. A impressão que dá é a de que esse formato é visto como algo curioso que remete a “épocas distantes”. O modo que os LPs foram admirados me lembrou uma visita de estudantes a um museu com peças da Antiguidade. O espanto era grande quando eles viam que os discos mais recentes também tinham versões em LP.
Público mostrando interesse
Muita gente perguntou se os itens estavam à venda e ficou surpresa pelo fato de alguém ter interesse em colecionar e se dedicar a tudo isso. Mas acho que pelo menos uma semente foi plantada em cada um daqueles que se interessaram pelo acervo. Conheço e sei de diversas coleções muito maiores e mais abrangentes que a minha, mas acho que pelo menos a finalidade da exibição foi atingida.
A banda em ação
Não posso deixar de parabenizar a banda que executou todas as músicas com o esmero que os clássicos do Iron Maiden merecem (ouça aqui uma amostra do que foi tocado com "Die With Your Boots On"). O público lotou o teatro do SESC e ficou sentado como se estivesse assistindo a uma peça teatral. Tenho certeza que o objetivo desse evento foi alcançado e abriu oportunidades para que outros mais venham a acontecer.
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