Friday, May 06, 2011

Opeth - Damnation [2003]


O Opeth é normalmente tido como uma banda de death metal, e seu primeiro álbum, Orchid (1995), arrebatou muitos fãs dessa vertente. Porém, ao longo de sua carreira, a evolução musical da banda foi evidente, e, quando digo evolução, não quero dizer que os músicos aprenderam a tocar melhor e por isso se desligaram do death metal. O que houve foi uma adição de novos elementos ao som da banda, o que lhes trouxe abrangência, um leque musical, muito maior.

Hoje podemos encontrar a banda não só em meio a listas de death, doom e heavy metal, mas também nas listas de prog metal ou simplesmente de progressivo. No site Prog Archives, talvez o maior site do gênero da web, por exemplo, os suecos são classificados como tech/extreme prog metal. Porém, independente do estilo em que você possa enquadrá-los, é impossível não reconhecer o valor do trabalho desses caras.

Confesso que nas primeiras audições de seus discos não fiquei muito impressionado, já que os vocais guturais ficaram muito marcados para mim. Como não sou tão fã desse tipo de voz, não me interessei e nunca mais ouvi a banda. Após a insistência de alguns amigos, voltei a ouvi-la, mas dessa vez através de discos diferentes dos que tinha escutado anteriormente. O álbum que mudou minha opinião sobre a banda foi justamente Damnation, de 2003.

Deliverance: o álbum "irmão"
O registro é uma espécie de “irmão” do pesado Deliverance (2002), que havia sido lançado cinco meses antes. Ambos foram gravados simultaneamente, e a idéia inicial seria que os dois discos fossem apenas um álbum duplo. Até na capa os dois se parecem, já que ambos possuem imagens um tanto borradas. Porém, por serem musicalmente diferentes entre si, a decisão de lançá-los separados foi acertada. Quem ouvi-los sem saber que são da mesma banda pode imaginar estar ouvindo grupos distintos.

O que mais chama a atenção em Damnation, para aqueles que já conhecem o Opeth, é a completa ausência de vocais guturais e o total direcionamento voltado para o progressivo. As influências setentistas são evidentes, mas recebendo uma cara atual. Podemos compará-lo a algum disco do Porcupine Tree ou a 12:5 (2004), do Pain of Salvation, em que Daniel Gildenlöw resolveu apresentar todas as músicas sem peso e de forma acústica. Lembrar de Porcupine Tree é até óbvio quando ficamos sabendo que Steve Wilson, o cabeça da banda, fez a produção tanto para Deliverance como para Damnation. Nesse último, ele ainda atuou como músico convidado, pilotando o mellotron, sendo co-autor de “Death Whispered a Lullaby” (um dos destaques) e fazendo alguns backing vocals.

A formação da época de Damnation, com Mikael Akerfeldt ao centro
Na minha opinião, a melancólica e carregada de acompanhamento de mellotron, “In My Time of Need” contém o melhor refrão e resume muito bem o álbum. Mas é muito difícil citar destaques em um disco tão coeso. O riff principal de “Windowpane”, as diferentes camadas de guitarras de “Death Whispered a Lullaby”, o lindo solo de introdução de “Ending Credits” e os dedilhados em quase todas as músicas vão chamar atenção logo de cara.

Apesar da característica progressiva do álbum como um todo, ele não possui longas canções. A mais longa é a faixa que abre o álbum, “Windowpane” com quase oito minutos de duração. Nos anteriores, Blackwater Park (2001) e Deliverance, e no seguinte, Ghost Reveries (2005), são várias as que passam dos dez minutos.

Mikael Åkerfeldt
Com respeito à falta de vocais guturais, não posso deixar de comentar o ótimo trabalho que Mikael Åkerfeldt fez nesse quesito. Na época, ele afirmou ser um iniciante nesses vocais limpos, mesmo já tendo cantado assim em algumas passagens dos discos anteriores. Claro que, se o resultado não fosse reconhecidamente bom já de antemão, o disco certamente não seria feito dessa maneira.

O Opeth arriscou e obteve êxito. Conseguiu novos fãs de outras vertentes, que não tinham interesse pela banda, e não se queimou com os fãs antigos. Outra coisa que pesa positivamente nessa balança é que, apesar do sucesso, o grupo não virou as costas para sua história, já que no álbum seguinte, Ghost Reveries, voltaram para a fúria sonora a que estavam acostumados. Damnation é altamente indicado para quem gosta de todas as vertentes do rock.

1 comment:

Anonymous said...

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