Thursday, July 08, 2010

Heavy Metal - A História Completa


(Texto também publicado na Collector's Room e no Metal/RO)

Até uns anos atrás era difícil encontrar aqui no Brasil lançamentos de livros sobre música. As biografias de estilos, bandas e músicos eram conhecidas pelos fãs por meio das revistas especializadas e também pela internet. Porém isso mudou de um tempo para cá como mostra a própria Collector´s Room que tem feito regularmente resenhas de livros.

Descobri esse livro por uma matéria da Whiplash e fiquei muito empolgado já que o Heavy Metal é meu estilo de coração. Foi com ele que comecei minha história de fã de música lá no final da década de 80 e, se considerarmos que o metal surgiu com o Black Sabbath em 1970, assim vivi metade da história do metal. Claro que depois disso comecei a escutar outros estilos ligados ao rock, mas o metal foi o início de tudo.

Logo nas primeiras páginas existe uma linha do tempo citando fatos importantes para o estilo servindo como se fosse uma linha de raciocínio que ajudou o autor a montar a estrutura do livro.

O livro começa, como se é de esperar, contando o início do estilo. Porém uma das coisas que notei é que o autor não fica enrolando contando histórias de todos os músicos de blues das áreas rurais americanas como acontece em inúmeras outras publicações. O autor é muito mais direto e inicia sua narração no dia 13 de fevereiro de 1970, uma sexta feira, dia do lançamento de um dos debuts mais clássicos de toda a história da música, o álbum auto-intitulado do Black Sabbath.

O que mais me chamou a atenção foi que exceto aos capítulos sobre a famosa NWOBHM e sobre o tão falado Black Metal norueguês é que o livro tem como foco principalmente a música americana. O autor, Ian Christe, é um jornalista americano que escreve para a Kerrang, Wired e Spin o que explica essa predominância do metal americano.

Claro que as bandas inglesas são citadas ao longo do texto, mas sempre como uma referência distante. Como se a época das trocas de fitas cassete, sempre citada no livro, ainda fosse atual. E claro que nessa época o que estava mais próximo, no caso as bandas americanas nos Estados Unidos, era o que mais se conhecia.

Outro ponto que é preciso citar é a compreensão dos americanos em relação ao Metallica. Entre os fãs de metal sempre há a necessidade de se ter uma opinião de quem é a maior banda do estilo e muitas vezes acabamos tendo o Metallica e o Iron Maiden como dois polos. Mas no livro é clara a consideração do Metallica como a mais importante banda do estilo. Isso fica tão claro que o Mercyful Fate é possivelmente citado mais vezes que o próprio Iron Maiden apenas por ser uma histórica banda que influenciou um garoto dinamarquês que se mudou para os Estados Unidos para jogar tênis e resolveu montar uma banda.

Ao longo do livro o autor conta o nascimento dos vários sub-estilos do heavy metal e apresenta uma lista de seus discos relevantes. É claro que essas listas são pessoais e servem apenas como um direcionamento não é feito de acordo com uma análise objetiva.

Muito interessante é o modo que ele discorre sobre a década de 90 que foi, para muitos, a década da “morte do metal”. Percebemos claramente que o sucesso que o estilo obteve na década de 80 teve que ser engolido pela mídia. Ou seja, a mídia apenas cobria o estilo por não ter outra opção e no primeiro deslize do estilo essa mesma mídia decretou sua morte. E por deslize entendam pelo enfraquecimento momentâneo que algumas bandas top estavam passando na época como são os casos do Iron Maiden e Metallica só para citar as bandas que já foram comentadas aqui. Também cita o caso da MTV que tinha o metal como um de suas bandeiras no início do canal e o abandonou de vez depois dos anos 90.

Porém, como sabemos, essa “morte do metal” na verdade nunca existiu e o próprio livro dá um dado que pode até ser polêmico, mas achei muito interessante:

“Segundo a RIAA, a organização responsável pelas premiações de discos de ouro e platina desde 2000, o Metallica havia vendido tantos discos nos Estados Unidos em 15 anos quanto os Rolling Stones jun taram todas suas lendária quatro décadas.”

Dentro desses 15 anos citados não estão computados os anos da década de 80. Ou seja, basicamente essas vendas foram da década de 90 e também dessa primeira década do século XXI.

O livro é muito interessante para quem se interessa pela história da música. Muitos que forem ler ou estiverem lendo esse livro podem não concordar com muita das coisas que se fala nele, porém como todo e qualquer livro temos que analisar, além da história que está sendo contada, mas o ponto de vista de quem está contando a história também.

1 comment:

Anonymous said...

Olá!

Tenho uma proposta para seu blog que acredito ser relevante para você.

Caso haja interesse, entre em contato!


Atenciosamente,
Cristiano
contato@webreside.net