Friday, October 29, 2010

Accept e Porcupine Tree: Reviews exclusivos


Porcupine Tree – Radio City Music Hall, Nova York, 24/09/2010

Todo mundo que gosta de música já ouviu falar no Radio City Music Hall. A casa de shows faz parte do conjunto do Rockfeller Center em Nova York e existe desde 1932. Tive o privilégio, e a sorte, de conseguir ver um show de uma banda que acho muito legal nesse lugar e as impressões do local e da banda foram muito boas.

Comprei o ingresso para o show do Porcupine Tree no também famosíssimo Madison Square Garden apenas duas horas antes do show começar. Nesse mesmo dia tinha show do Alice in Chains no MSG e o hall e as bilheterias estavam lotadas. Foi engraçado eu entrar na bilheteria de ingressos de outros shows enquanto a fila da bilheteria para o show do Alice In Chains estava enorme. Até pensei que o Porcupine Tree não teria público para o seu show, afinal não vi ninguém comprando ingressos para vê-los. Porém ao chegar no Radio City Music Hall percebi que a base de fãs da banda é muito grande lá nos Estados Unidos. Também achei interessante as pessoas chamando umas às outras de “proggers”. O Porcupine Tree faz parte da cena atual do progressivo, mas pelo peso de algumas de suas músicas muitos puristas não os consideram como parte do rock progressivo. Coisa que eu discordo.

Outra coisa que causou estranheza foi assistir ao show sentado. Já vi o Asia e o Dream Theater assim, mas dessa vez eu me senti estranho. Talvez seja por eu estar sozinho no meio de um monte de gente desconhecida tenha causado essa sensação. O RCMH tem cerca de 6000 lugares e aos poucos todos eles foram sendo preenchidos, contrariando minha impressão inicial de que não teria público. Fiquei localizado no primeiro mezanino, então consegui ver que as cadeiras da pista estavam completamente lotadas. Porém isso eu já sabia afinal não tinha conseguido comprar ingresso para sentar nesse local. Mas garanto que mesmo dos mezaninos (ainda tem outros dois níveis) o lugar é muito bom para ver shows.

Eu não sou um profundo conhecedor do Porcupine Tree. Conheço bem dois discos deles, o Absentia e o Fear of the Blanket Planet e conheço um pouco outros dois, o The Sky Moves Sideways e Deadwing. Porém essa é uma banda que já lançou dez discos de estúdio e pela base de fãs que vi no show percebo que tenho que ir atrás do restante dos álbuns. Ouvi comentários muitos empolgados do pessoal que estava na fila para comprar merchandising e acabei me interessando por outros discos que vou procurar brevemente.

A banda entrou exatamente as 20:00 h no horário marcado. Porém para surpresa de todos quando as cortinas subiram mostrou um modesto grupo de equipamentos. Estavam montados apenas um kit de bateria pequeno, um contrabaixo acústico, um piano e uns violões. A banda entrou e disse que faria uma pequena apresentação acústica antes do show. Ou seja, é a primeira vez que vejo uma banda fazer um show de abertura para ela mesma. Ao todo foram cinco músicas nessa primeira parte do show totalizando cerca de 40 minutos. Tocaram duas músicas ao vivo pela primeira vez. Uma do último álbum e outra de um disco mais antigo. Claro que sei disso por que o Steve Wilson anunciou que o faria já que não conhecias essas músicas. A banda saiu e os roadies entraram em ação para montar o palco principal. Montar é modo de dizer, já que estava quase tudo pronto nas laterais do palco e os roadies só tiveram o trabalho de posicionar a bateria (agora bem maior), os teclados e alguns amplificadores. Depois de 10 minutos já estava tudo pronto e a banda volta para fazer seu set normal.

Para quem não conhece o Porcupine Tree é formado por Steve Wilson (guitarra, voz, teclados, etc, etc, etc.), Richard Barbieri (teclados, mellotron e outros), Colin Edwin (baixo) e Gavin Harrison (bateria). Steve Wilson é no Porcupine tree como se fosse o xará Steve Harris no Iron Maiden, ou seja, o dono da banda. Ao vivo eles têm o acompanhamento de outro guitarrista que não sei o nome. Ele até foi apresentado, mas não consegui entender. Procurando na internet consegui encontrar seu nome: John Wesley (guitarras e backing vocals). No entanto ele toca somente em algumas passagens passando a maior parte do tempo escondido atrás dos equipamentos.

A execução das músicas é perfeita. O que o baterista toca não é brincadeira. Apesar de não conhecer todas as músicas do set curti demais principalmente pelo fato de eles utilizarem muito os artifícios visuais para auxiliar a música. Os telões gigantes de alta resolução tinham imagens que remetiam à letras das músicas e quando não havia nenhum ligação foram utilizados efeitos luminosos que me lembraram as coisas que o Pink Floyd fazia no começo da carreira. Ou seja, jogos de luzes e cores criando um ambiente meio psicodélico. Peço desculpas pela falta de fotos. No dia estava sem a máquina e só com o celular.



A banda tocou por cerca de mais uma hora e dez e saiu do palco. Como tinha totalizado duas horas de show, incluindo o set acústico achei que tinha acabado. O que acabou me deixando um pouco decepcionado. Afinal só tinham tocado uma música que conhecia (a saber, The Sky Moves Sideway – Phase One). Todo mundo ficou esperando pelo famoso bis. Eu aproveitei que o bar era perto e corri para pegar mais uma cerveja (a terceira da noite). Quando voltei eles estavam iniciando outra parte do show e, ao contrário do que pensei, não era um bis e sim um novo set com várias músicas dos álbuns que eu conheço e uma sequência de quatro músicas seguidas de seu álbum mais recente. Assim tocaram por mais uma hora e dez minutos.

O que impressionou bastante foi o modo tão certinho como foi o show, afinal suas músicas são cheia de mudanças de andamentos e climas que requer um esforço físico e mental além de muita concentração para isso acontecer. Depois de acabado esse set eles ainda fizeram um bis com mais uma música longa acabando o show as onze e vinte da noite. Ou seja, foram três horas e vinte minutos de show, descontando 10 minutos em cada parada foram três horas de música. Isso é muito difícil de ver hoje em dia.

Saí de lá satisfeito. Até por ter presenciado um show que mostra que o rock progressivo pode não ter a mesma qualidade hoje em dia do que na década de setenta, mas vemos que algumas bandas levantam a bandeira de forma eficiente, moderna, agradável e, principalmente, com um bom público seguidor.



Accept – B.B. King Blues Club & Grill, Nova York, 29/09/2010

Segunda feira…Normalmente esse é um dia triste. Início de semana. Compromissos. Preocupações. Porém esse é um dia legal para se acordar quando estamos de férias e temos a expectativa de ver ao vivo uma das bandas clássicas do heavy metal mundial.

O local do show foi o B.B. King Blues Culb & Grill. O local é um bar que também serve como restaurante. È uma espécie de Hard Rock Café com bem menos merchandising e com mais ênfase à shows. O palco é pequeno com dimensões próximas ao do Manifesto Bar. Aqui cabe um comentário em relação aos dois shows que fui ver. O do Porcupine Tree com quase 6000 pessoas e o do Accept com cerca de 600. Certamente os leitores do site consideram o Accept uma banda maior do que o Porcupine Tree. Também é certo que no Brasil o show dos alemães teria muito mais público que os dos americanos, mas é interessante saber como anda a popularidade e reconhecimento de algumas bandas fora do Brasil.

Antes do Accept teríamos o trio King’s X. Muita gente foi para vê-los. O número de camisetas da banda era quase o mesmo que o número de camisetas do Accept. Não conhecia nada da banda, só mesmo as capas dos discos nas revistas, e alguma coisa me interessou. Claro que é difícil julgar uma banda na primeira vez que escutamos, ainda mais ao vivo, mas tenho que ir atrás de alguma coisa para me familiarizar melhor com o som deles.



Bem, o som da banda me lembrou bandas como o Audioslave com mais groove. Apesar de vários sites classificarem eles como heavy metal, e em outros lugares como hard rock e até rock progressivo, achei o som bem distante do metal tradicional. Eles têm peso, tem riffs, mas mesmo assim não achei heavy. Gostei dos vocais da banda. O baixista e vocalista Doug Pinnick tem uma voz legal que em alguns momentos me lembrou o Glenn Hughes ns partes mais agudas, mas não sei se isso tem a ver mais com o som funkeado de algumas músicas. Na hora eu lembrei dele. Também gostei do trabalho de backing vocals com o guitarrista e o baterista cantando juntos diversas partes das músicas.

Duas músicas me chamaram a atenção, Pretend e Go Tell Somebody. Essa última é como se fosse um cartão de visitas da banda. O refrãos diz: “if you like what you hear then, go tell somebody”. Ao vivo com o público cantando ficou bem legal.

Depois do show do Kings X teríamos o Accept. A banda mais esperada da noite. Claro que a maior dúvida recaia em como ficariam os clássicos com a voz do novo vocalista (novo na banda, por que o cara já ta bem tiozinho....rs). Mas bastou eles entrarem no palco para percebemos que seria um ótimo show e que Mark Tornillo daria conta do recado.



O set list do show foi baseado em apenas quatro álbuns da banda: Breaker com três músicas, Restless and Wild com cinco, Metal Heart com quatro e o álbum novo, Blood of the Nations com outras quatro. Fora esses albuns tivemos apenas Balls to the Wall do álbum homônimo e Bulletproof do Objection Overruled.

Porém foram nos clássicos Balls to the Wall, Son of a Bitch e, principalmente, Restless and Wild que o público foi ao delírio. Mas a curtição do público é relativa. Os caras não agitam, não fazer “air guitar”, não pulam e apenas cantam os refrões. Coube a alguns brasileiros que estavam lá fazer tudo isso (risos). Era até engraçado ver os caras nos olhando com uma certa inveja. Afinal muitos vieram perguntar de onde a gente era e depois do show ficaram conversando com a gente.



Quando estava me vestindo para ir ao show optei por vestir uma camisa da seleção brasileira pensando que desse modo alguém viria conversar comigo, afinal ir sozinho à um show é muitas vezes chato para cacete. Não deu outra. Logo no começo já encontrei alguns brasileiros (inclusive um corinthiano com camisa e tudo) e não sei se pelo fato de eu ser o único de amarelo ali ou porque a gente tava agitando bastante acabei ganhando uma palheta no final do show do Hermann Frank das mãos dele.



A banda emendava musica atrás de música com pouca pausa entre cada uma delas. Os guitarristas Wolf Hoffmann e Hermann Frank e o baixista Peter Baltes não se movimentavam muito. Talvez pelo tamanho limitador do palco, mas dava para ver que os caras estão fazendo tudo com prazer. E novamente tenho que falar do Mark Tornillo. O cara parece que está na banda à décadas. Totalmente à vontade, brincando com os outros componentes e o que importa, cantando todas as músicas de um jeito que, pelo menos para aquelas pessoas que conversamos, não deu saudades do Udo Dirkschneider.



Resumindo, foi um showzaço. Por ser um lugar pequeno a proximidade do público com a banda deu uma melhor impressão da mesma. Certamente vai fazer com que eu retorne a escutar todos os discos da banda, a começar pelo último.



No final, queria comprar uma camiseta da banda, mas os modelos legais já estavam esgotados. Tentei argumentar com um cara que tinha cara de chefe e descobri que ele é como se fosse o gerente de turnê. Conversando com o cara ele me garantiu que o Accept vem para o Brasil por volta de março e abril e vai tocar em Curitiba e São Paulo. Resta saber se dá para confiar...

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