Tuesday, January 11, 2011

Baladas: Sucesso e Rejeição


Essa primeira década do século 21 foi a época de um grande número de “revivals” de bandas e estilos musicais, principalmente dos anos 80. Existe uma tendência cultural de se chamar os anos 80 como a “década perdida”. Porém, no âmbito musical, acho que a década perdida foi a dos anos 90. Claro que muitas bandas legais surgiram e até mesmo o grunge será lembrado futuramente como um dos movimentos musicais mais importantes da história, mas mesmo assim não dá para comparar a produção musical da década de 90 com a das duas anteriores.


Poison em 2008

Mötley Crüe em 2009

Um dos “revivals” que mais chamaram a atenção foi o das bandas de Hard Rock, mas especificamente as oriundas da Califórnia – como outras que não são de lá, mas possuem as mesmas características em seu som. Esses grupos foram também denominados como Glam Metal, com claras referências ao Glam Rock dos anos 70 devido ao visual extravagante, andrógino e até mesmo afeminado de alguns de seus componentes. Em algumas publicações também foi denominado Hair Metal, por motivos óbvios, basta dar uma olhada nas fotos da época. Porém, percebemos esse fenômeno não apenas relacionando à volta às atividades de bandas oitentistas, mas também ao surgimento de outros grupos bebendo diretamente da fonte dessas pioneiras, como é o caso das bandas de hard rock escandinavas (Crashdiet, Reckless Love e Crazy Lixx).

Quando comecei a ouvir música, além do Iron Maiden outra banda foi responsável por eu escutar rock até hoje; o Guns and Roses. Depois do GNR veio o Skid Row, o Bon Jovi, o Mötley Crüe, o Poison, etc, para ficar apenas nessa linha. Uma das características dessas bandas é que quase todas tocavam direto nas rádios, o que poderia ser bom para a imagem delas e para a captação de novos fãs para o rock and roll. Entretanto, isso acabou não acontecendo devido à escolha das músicas que eram divulgadas. Para ser mais específico, vamos lembrar aqui alguns hits dessas bandas que tocavam nas rádios no fim dos anos 80 e início dos anos 90 (clique no nome das músicas se quiser ouvi-las).

Guns and Roses: “Patience” e “Don’t Cry”
Skid Row: “I Remember You” e “Wasted Time”
Poison: “Every Rose Has Its Thorn” e “Something to Believe In”
Mötley Crüe: “Home Sweet Home”
Extreme: “Song For Love” e “More Than Words”
Warrant: “Let it Rain”
Isso sem esquecer o Bon Jovi…


Capa do Single Patience do Guns And Roses


Capa do Single Wasted Time do Skid Row


Capa do Single More Than Words do Extreme

Poderia acrescentar muitas outras a essa lista, mas acho que esse número já está suficiente para o objetivo do post. Qual é a semelhança entre todas essas músicas? Todas elas possuem os requisitos necessários para serem chamadas de baladas. As baladas resumidamente são músicas lentas, ou de andamento lento, que possuem elementos líricos sentimentais, não necessariamente amorosos.

Warrant

Por serem de fácil assimilação, até mesmo com apelo pop, muitas dessas canções caíram no gosto de todo mundo, inclusive das irmãs, primas, amigas, vizinhas e até das mães de muitos headbangers. Esses caras tinham tudo para gostar dessas bandas, mas devido à uma característica intrínseca a muitos headbangers, todas as bandas citadas, incluindo as outras similares, foram execradas. Essa característica citada é a inexplicável aversão que muitos fãs de música mais pesada têm quando uma banda faz sucesso. Todo mundo conhece alguém que fala algo do tipo “essa banda é boa, mas virou moda e ficou ruim”, ou “eu não gosto disso porque até toca na rádio”. Esse tipo de sentimento que muitos headbangers têm é incompreensível, já que todos reclamam que os diversos estilos de música pesada não têm espaço na mídia, mas quando conseguem é porque a banda ficou pop e se vendeu... Vai entender...

Stryper - Hair Metal Cristão

O que também ajudou a atrapalhar o sucesso dessas bandas foi o surgimento do grunge, que pregava uma visão mais pessimista do mundo, que era bem diferente das músicas sobre mulheres, bebidas e diversão que tinham as músicas do Mötley Crüe, para citar um exemplo. O visual das bandas somente não seria suficiente para evitar que as pessoas gostassem delas. Basta lembrarmos que as roupas coladas, por exemplo, eram usadas por muita banda que todo mundo chama de “true” por aí. Ou alguém esqueceu das roupas do Iron Maiden na World Slavery Tour? Ou dos cabelos do Ozzy? Nessa época também foi cunhado o termo “rock farofa” que por ter um tom pejorativo também ajudou a afastar alguns fãs.

Mas o que essa gente perdeu foi as centenas de ótimas músicas que essas bandas produziram e ainda produzem. O curioso é que a gente vê muita gente que criticou o estilo durante anos se interessando por esse “revival”. Claro que com o tempo e a maturidade adquirida os preconceitos vão caindo por terra. Mas eu gosto muito de zoar alguns amigos quando reconhecem que o Skid Row tem muita música porrada, que são excelentes, e não só baladinhas “mela-cuecas”.

Para finalizar é necessário que se diga o óbvio, mas a fim de esclarecimentos é válido. É claro que não é só as bandas americanas de Hard Rock dos anos 80 que fazem ou fizeram baladas. Muito pelo contrário. Poderia citar milhares de músicas de sucesso com esse tipo de formato em outros estilos musicais. E dentro do rock temos bandas que são especialistas nessa seara como Scorpions, Whitesnake, Kiss, etc... Outra banda especialista nesse tipo de música é o Aerosmith, mas a impressão que eu tenho é que eles se aproveitaram do sucesso de algumas músicas assim para se dedicarem a fazer só isso, o que acabou enjoando um pouco. Até o Iron Maiden apareceu com a “Wasting Love”.

O principal é não ter preconceitos ou criar paradigmas sobre muitas bandas antes mesmo de escutá-las. É possível que muita gente continue não gostando das outras músicas dessas bandas depois de dar uma chance à elas, mas pelo menos essas pessoas poderão dizer o por quê de não gostarem ao invés de ficar repetindo “mantras” por aí...

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