Tuesday, June 21, 2011

Hibria - Blind Ride [2011]


No final do ano passado foi veiculada pela imprensa especializada uma carta aberta do vocalista de uma banda conhecida no cenário brasileiro, direcionada ao público heavy metal deste país. Nessa carta, o artista enumerava os motivos que encontrou para justificar a falta de apoio que as bandas do gênero recebem dos fãs brasileiros e fazia um apelo por maior reconhecimento. Muita gente achou que os argumentos eram pertinentes e muitos deles são reais. Porém, diversas pessoas execraram a atitude do músico, e a carta acabou se tornando motivo de todo tipo de chacota e classificada como um tratado de puro “mimimi”.

Ao ouvir o álbum recém lançado do grupo Hibria, Blind Ride, essa carta me veio à cabeça. Isso aconteceu porque o disco é nada menos que excelente e, para mim, o lançamento desse disco é milhares de vezes melhor na finalidade de ajudar o metal brasileiro a ser mais reconhecido do que uma carta de lamentação.

A banda foi formada em meados da década de 90 em Porto Alegre e, durante esses mais de 15 anos na ativa, já lançou três discos: Defying the Rules (2004), The Skull Collectors (2008) e Blind Ride (2011). A sua formação variou pouco durante esse tempo e tem hoje Eduardo Baldo na bateria, Benhur Lima no baixo, Diego Kasper e Abel Camargo nas guitarras, além de Iuri Sanson nos vocais.

Hibria: Benhur Lima, Abel Camargo, Iuri Sanson, Diego Kasper e Eduardo Baldo
Confesso que adquiri o disco sem muita expectativa e o fiz somente por saber das oportunidades que o grupo teve como atração de abertura de shows internacionais nesses últimos tempos, caso do Metallica, em Porto Alegre (2010), e Ozzy Osbourne no Rio de Janeiro e Belo Horizonte (2011). Pensei, se a banda conquistou essas oportunidades é porque possui qualidade. O quinteto também tocou no maior festival japonês do gênero, o Loud Park, em 2009, e teve seu álbum, The Skull Collectors, no topo da lista dos mais vendidos em uma cadeia de lojas do país, além de ter sido lembrado nas votações de melhores daquele ano na famosíssima revista Burrn!.

O Hibria pratica um heavy metal poderoso, que em certos momentos pode até ser classificado como thrash metal. Entretanto, os sites especializados em música estão classificando-os como power metal. A voz de Iuri Sanson é destaque e varia dos tons mais limpos para um vocal mais rasgado com facilidade. O disco foi produzido pelo guitarrista Diego Kasper e a mixagem foi realizada por William Putney, em Nova York. O baixo em “The Shelter’s On Fire” é metalizado e me lembrou de cara o baixo de Steve Harris na gravação de Maiden England (1989). Fiquei com o refrão dessa música na cabeça durante um tempão.


Hibria com o Metallica
Após algumas audições – ainda não ouvi muitas vezes o disco, e mesmo assim senti que ele valeria um artigo – chamam atenção as músicas “Nonconforming Minds” e “Shoot Me Down”, essa última escolhida para ser o vídeo promocional do álbum. “I Feel No Bliss” é a mais calma, se é que podemos chamá-la assim, e talvez por isso ganhou uma interessante versão acústica que foi acrescentada como bonus track.

Depois de um tempo, você percebe que o álbum foi feito com bastante esmero. Riffs bem trabalhados, melodias bem encaixadas e bastante competência técnica é o que você encontrará durante todo o álbum. Ainda não ouvi os outros discos e pretendo fazê-lo o quanto antes. Procurando-os por aí, descobri que o primeiro, Defying the Rules, está esgotado e não há previsão de relançamento. Espero que Blind Ride repercuta bastante e obrigue esse relançamento. Porém, The Skull Collectors está no catálogo de uma dessas grandes lojas da internet. O Hibria foi uma agradável surpresa para mim e comprova que o metal daqui do país tem muito o que mostrar. O metal brasileiro vai sim cair nas graças de todos, mas pela sua qualidade e não por pena. Lembrem-se que, durante um período da década de 90, tivemos uma banda brasileira, o Sepultura, como uma das maiores do mundo no gênero.

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